Urgência e solidão

Tem tanta coisa que eu queria te falar, quando eu ando pelas ruas do meu bairro, ou qualquer outro bairro que não o meu, quando eu tomo meu chá da noite, ou o café preto pela manhã, que nunca é manhã de verdade. Fico pensando há quanto tempo você já está acordada e o que deve ter comido no café da manhã.
Você fala muito sobre a urgência que eu demonstrei em te encontrar, e sabe, eu me senti ofendida quando ouvi isso, me senti uma mulher desesperada por afeto. Isso dói. 
Mas só dói porque a urgência existe, e eu realmente sou urgente! Eu sinto tudo muito a flor da pele, transbordo por todos os lados e quando você disse que eu não poderia correr daqui, fazer minha mala e ir de encontro ao teu corpo, eu não soube o que fazer com tudo que me preenchia. Eu não chorei. Eu disse pra você que eu não choro fácil, mas te cultivei, falei de você, reli você, olhei tuas fotos, te imaginei e por muitas vezes pensei em te matar dentro de mim porque já tava dentro demais.
Eu estou esperando você ir embora, todos os dias, esperando que você esqueça de me responder, um, dois, três dias, uma semana.
Esperando as músicas pararem de fazer sentido, esperando, esperando, contrariando toda a urgência que você identificou em mim.
Eu vou continuar tomando meus chás todas as noites, vou continuar levantando as onze e meia desejando um pouco mais de cama, vou continuar lutando contra Deus e mundo pra vivermos num mundo menos nocivo pras minhas companheiras, dedicando meu corpo e minha alma, em urgência. 
É que estar em constante luta, meu bem, as vezes nos tira a prudência e a a tão angariada paciência. E tudo vira urgência e solidão.

Comentários