Luca

Hoje eu não parei de pensar em você, pensamentos que vão e vem freneticamente. Senti um frio na espinha e muito calor, essa roupa sufoca e minha respiração não anda ajudando.
Revisitei suas fotografias e tentei te entender; o tom exato dos teus cabelos, as linhas do teu rosto, os teus contornos, a forma das tuas mãos - e como me encantam as mãos. Depois de tanta atenção dispensada, fiquei pesada, frustrada, atônita. Talvez eu nunca te veja, nunca conheça suas proporções, nunca entenda as suas entrelinhas e a minha curiosidade pelo seu cativante universo.
Tudo começa e acaba em mim, nos meus passos pela metrópole, na rotina acinzentada do centro da cidade, na necessidade incessante de perder as horas, de desatar os nós, de abandonar o passado.
Tua voz vai ficando comum aos meus ouvidos, tuas ideias, tuas intenções, tuas entonações, e me pego nos imaginando em longas e boas conversas.
Seria bonito te ter por perto, sem grandes expectativas, sem nada de grandioso, só a profusão do estado presente e as descobertas de mundos que estão se encontrando. Queria olhar nos teus olhos, aceitar o que vier de você, sem esperar nada. Deixar que o silêncio escoe nossas dores, e te mostrar sem erudição que eu estou por você, com boas doses de uma resistência que só duas mulheres lesbianas entenderiam. 
Quem sabe um dia, meu bem, quem sabe num dia de sol, eu possa me ver refletida nos teus grandes e lindos olhos. Por enquanto eu fico a cativar um carinho bom que talvez tu não entenda, mas que mal não faz.

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