bagunça da casa e do peito

Hoje eu não arrumei a casa pra te receber, como sempre faço. Nem por dentro nem por fora. Está tudo do jeito que ficou desde que acordei. Eu não quero me mexer muito, bruscos movimentos estão me deixando enjoada, ainda que talvez você insista ser a cerveja ou o cigarro constante. Eu não me importo mais, essas canções de amor nem são realmente canções de amor, são melodramas pra eu ouvir debruçada no para peito da janela quebrada. 
Alguma coisa murxou aqui dentro, e olha que o que não me falta e vivacidade pra inflar as coisas.
Eu faria todas as coisas possíveis pra te tirar os mais inacreditáveis sorrisos, e te carregaria pelas mãos pelas ruas da cidade sem medo do que vem adiante. Você não sabe nada do que eu sou, das flores que eu admiro no asfalto quente do verão escaldante que nos deixa a vista turva. 
A chuva nunca foi empecilho pra grandes amores, eu sei amar nas condições mais adversas, eu seu até amar sozinha, mas eu não sei amar no abismo das mentiras, na solidão do corpo vazio, dos olhos que ardilosamente enganam.
Eu sei que amor é muito, eu sei que as discrepâncias são imensas e as dores inevitáveis, mas eu, sou uma romântica incurável e não me culpo por ser assim. Só não quero mais me deixar em queda livre esperando alguém me salvar, eu quero ser minha própria salvadora, e aí, quem sabe, voar ao lado de alguém. 
O vôo não me assusta, a brisa, o mar, a tempestade, nada disso me assusta, o que me assusta são olhos calados, garganta engasgada, mentiras poidas, dúvidas insolucionáveis. 
A casa vai continuar bagunçada, talvez até hoje a noite ou amanhã, ou depois, eu na tô com pressa, eu não tô com pressa de de mexer em nada que me lembre você. 

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