Distância

Eu busco a gente em todos os lugares e sinto saudades de coisas que a gente nem viveu.
Tudo esteve o tempo todo por um fio e eu ignorei, penso que talvez eu não tenha olhado direito nos teus olhos, que o medo que eu senti não era de todo meu.
Ando tentando te esquecer, fumando cigarros demais e prometendo todos os dias parar. Me sinto ausente de mim, presa no passado. Um mês desde que estivemos juntas pela última vez, um mês que chorávamos compulsivamente por dor ou alívio, não sei mais. Sinto que estive num grande vazio, suas lágrimas não me diziam nada e eu fiquei ali parada, esperando que nossas juras de paixão fossem o suficiente pra que nosso laço não fosse cortado. Eu me enganei tão bem que pouco acredito em mim novamente.
Você me pediu pra ficar mais um dia e eu fiquei, você me pediu desculpas, disse que ia sentir minha falta e eu não acreditei que era realmente uma despedida. Nos amamos aquela noite, foi bonito e triste, e eu te carreguei comigo pra casa em silêncio, num choro manso, contido, doloroso.
Hoje somos um pedaço de memória, um passado que se perderá entre os papéis velhos e documentos antigos. Hoje, eu sou saudade. Sinto uma saudade crua e sórdida, vem do peito, me carrega no colo e nada ameniza. Eu ainda te pediria pra ficar, pra esperar mais um pouco, pra me dar sua mão e caminhar ao meu lado. É nesse ponto que os quilômetros de distância nos salva de nós mesmas.

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